sexta-feira, 22 de outubro de 2010 Tags: 0 comentários

O SENHOR DOS ANÉIS: a invasão arquetípica da sociedade


Olá pessoal! Há algum tempo postei sobre os arquétipos. A ideia era preparar terreno para falar sobre outros assuntos. Hoje faço o primeiro desdobramento do tema. Vou recorrer a uma estória para aprofundar e exemplificar: O SENHOR DOS ANÉIS. Então, peguem seus arcos e elmos, e embarquemos numa viajem rumo a Terra-Média, onde Gandalf, o Branco está a nossa espera...


John R. R. Tolkien foi um escritor importante. Era professor de anglo-saxão e de literatura inglesa em Oxford. Seu caminho literário foi caracterizado pela criação de um universo mítico incomparável. Livros como O Hobbit, O SENHOR DOS ANÉIS e O Silmarillion formam um exemplar de mitologia desenvolvida e abrangente. A obra fundamental é O SENHOR DOS ANÉIS. Um produto complexo, que possibilita leituras ricas e duradouras.

No livro O SENHOR DOS ANÉIS o protagonista não é um personagem. Não é Frodo, o portador do UM ANEL (expressão empregada no livro). Nem Sauron, o personagem que dá título ao livro. Nem o UM ANEL, inigualável entre todos os anéis. O mundo mítico em sua esfera arquetípica protagoniza a narrativa.





Tolkien não desenvolve diretamente os personagens de O SENHOR DOS ANÉIS. Ou pelo menos não explicitamente. Não são personagem acabados. Existem lapsos nas descrições de cada um. Mas a exposição da Terra-Média é repleta de detalhes e digressões. Há momentos em que parece mesmo como que saltar diante dos olhos. Afinal, ela e a sua mitologia protagonizam genuinamente a trama.

É um universo arquetípico. Vemos elementos míticos emergirem a todo instante. Gandalf, o mago, o arquétipo do Velho Sábio. Aragorn, o rei sem reino, em busca do reinado, o arquétipo do Herói. Golum (pela dupla personalidade) apresenta de algo explícito: o arquétipo da Sombra (algo como um lado mal).

Assim é O SENHOR DOS ANÉIS. Os personagens preenchem uma imagem geral. Não preciso saber da história de Gandalf para perceber sua capacidade. Ele por si só já preenche minhas expectativas, pois o personagem materializa um arquétipo. Uma imagem primordial capaz de ativar determinado conteúdo em meu inconsciente. É um dos segredos por trás do potencial cativante da saga do UM ANEL.

A leitura arquetípica é fundamental para o devido entendimento do impacto causado pela saga, seja nos filmes, seja na literatura. O SENHOR DOS ANÉIS brinca com o imaginário, com a capacidade que as pessoas têm de crer, de conectar e amalgamar imagens. Os personagens apresentam formas básicas, cujo conteúdo não é totalmente formatado. Isto abre espaço para que haja projeção e identificação.




Há algo em comum entre os personagens e quem os vê. Os arquétipos possibilitam a identificação. Mas você também pode “jogar” atributos seus na trama. Os lapsos abrem espaço para isto. É possível projetar características pessoas nos personagens e agir realidade no processo. Existem brechas que permitem isto, e parecem brincar com nossa imaginação.

Mas é igualmente viável o processo de identificação. Posso identificar um aspecto ou um atributo de outrem. Isto pode mexer comigo, e mesmo me transformar, mesmo que parcialmente. O universo arquetípico de O SENHOR DOS ANÉIS, repleto de seres míticos, atinge em cheio a capacidade de imaginação das pessoas. É incrível a capacidade que o impossível tem de cativar.

E assim, aguardando o retorno do rei, eu me despeço.

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