Algum tempo atrás assisti a uma palestra da jornalista Daniela Tolentino sobre gerenciamento de crise. O assunto é importante e me fez mergulhar em uma reflexão. Hoje eu quero partilhar estes pensamentos a que foi conduzido pelo assunto. Tudo começa com uma viagem aos mitos da Grécia antiga.
Diz-se que Zeus, o chefe do Olimpo, sentia ódio em seu coração. Não raro, ele sentia prazer em castigar os seres humanos. Certa vez, decidiu vingar-se de um titã (uma das gerações de divindades gregas) de nome Prometeu. Ele roubara uma faísca do sol para com ela iluminar a inteligência humana.
Zeus então resolveu puni-lo fazendo-o perder-se para sempre através de uma mulher admirável, possuidora de todos os dons. Chamava-se Pandora, a primeira mulher! Ela foi criada e remetida para Epimeteu (o que vê depois), irmão de Prometeu (o que vê antes). Embora fosse avisado por seu irmão a não receber nenhum presente de Zeus, de quem desconfiava muito, Epimeteu acabou acolhendo Pandora.
Interpretação da caixa de Pandora feita em aula de Fotografia no 4º Período do curso de Comunicação e Marketing |
Ela trouxe consigo do Olimpo um presente de matrimônio para Epimeteu: um baú áureo hermeticamente fechado. O final da história talvez todos conheçam. A caixa de Pandora foi aberta. De lá saíram desventuras e calamidades para os homens que conviviam serenos e felizes até então.
Mas voltemos nosso olhar publicitário para dois dos personagens deste mito: Epimeteu e Prometeu. O que vê depois (Epimeteu) é irmão do que vê antes (Prometeu). Passado e futuro são aproximados. Antever e postergar. O gerenciamento de crise é uma oportunidade ímpar para a divisão destas águas.
Crise, do grego “krísis ou kríseós” significa “ação ou faculdade de distinguir; decisão; momento difícil”. Para os latinos, “crìsis”, “momento de mudança súbita”. Ou seja, é pela própria natureza algo repentino (segundo os latinos) e abstruso, complicado (segundo os gregos). Todavia, é igualmente um momento marcante e difícil, onde a capacidade de decisão surge como elemento condicionante para como será o futuro doravante.
Há quem espera, ou se não antecipa, enxerga adiante, e consegue lidar mesmo com o inesperado. E há quem espera acontecer, e se perde por não conseguir gerenciar o que é brusco. A atitude de postergação é perigosa. As crises nem sempre são passíveis de detecção prévia. E depois que teve início o desenrolar da trama, como fica a situação?
Poucos desenvolvem maestria em prognosticar o inesperado. Mas é de inestimável valor saber lidar com os imprevistos, pois eles invariavelmente acontecem. Os momentos de crise são sempre difíceis, mas não raro, são neles que se encontram oportunidades para se reinventar e dar a volta por cima.
As caixas de Pandora estão espalhadas pelo mundo. Qualquer pessoa pode deparar-se com alguma delas. O momento pode ser apropriado. Porém, costuma ser no instante mais inadequado possível. E o que resta fazer é ser como Prometeu, é ver antes, é estar apto para gerenciar o que surgir independente do que for.
Deixemos Zeus em paz. E como Pandora não está aqui, hora de fechar a caixa...
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