domingo, 1 de junho de 2008 Tags: 5 comentários

Uma viagem mitológica


Belerofonte, a Quimera e a Comunicação

Saudações! Convido-vos a embarcarem comigo em uma viagem imaginativa rumo à Grécia Antiga, berço dos mitos e lendas mais significativos do Ocidente. Quero fazer o diálogo entre um mito grego e a Comunicação, tal qual vem sendo-nos apresentada no decorrer do curso. Bom, um mito deve começar com um herói! Vou deixar Hércules para outro dia. Hoje é dia de falar de Belerofonte. Alguém conhece este nome? Acredito que não. É um nome pouco recordado. Mas é um nome que não aparece sozinho. Falar de Belerofonte é falar igualmente do Pégasus e da Quimera. Belerofonte era um arqueiro grego, que um dia resolveu domar o cavalo alado Pégasus. Com a aquiescência dos deuses, ele conseguiu este feito. Porém, todo herói atrai inveja e receio. Isto aconteceu com o novo dono do Pégasus. Para livrar-se de uma situação complicada viu forçado a fazer alguns “trabalhos perigosos” (coisa de herói mesmo, se é que me entendem). Assim, Belerofonte foi enfrentar a Quimera. No entanto, o que é uma Quimera? Tente imaginar o seguinte: "Ela tinha a parte dianteira de um leão, a cauda de um dragão, e sua terceira cabeça, a do meio, era de bode, da qual cuspia fogo. E ela havia devastado o país e devorado o gado; pois era uma única fera com o poder de três."


Isto é uma Quimera! Vejam que não é qualquer coisa (ninguém encontra com uma Quimera pela rua todo dia, hehehe...). Porém Belerofonte enfrentou a Quimera. E concretizou grandes feitos, porém pagou por sua arrogância. Como? Não vou contar! Aqui termino o mito. (se quiser saber como foi a luta dos dois, faço uma indicação: pesquise no Google). O importante aqui não é a história em si, mas os seus personagens. Agora, como bons comunicólogos, vamos ao que realmente interessa: onde Mitologia Grega e Comunicação encontram-se?


Teçamos um paralelo entre este mito e a comunicação em si. Belerofonte contra a Quimera pode ajudar-nos a visualizar melhor a questão do interlocutor, daquele que transmitirá uma dada mensagem. No processo de comunicar-se estão implícitas algumas coisas, tais como: alguém que fala (interlocutor), o que é falado (mensagem), onde é falado (veículo), e para quem é falado (receptor). Vamos nos deter no interlocutor por enquanto.


Diante das pessoas, escolho caminhos que posso seguir ao transmitir minha mensagem. Um dos caminhos nos é apontado pelo herói Belerofonte: audácia cercada de arrogância. Ninguém pode presumir-se tão consciente ou sapiente, que consiga transmitir qualquer coisa em qualquer circunstância. Não posso levar uma mensagem estando cheio de mim, e do tamanho dos meus feitos passados. Cada desafio é algo novo. Cada praça e público exigem artifícios distintos. Mas o interlocutor “tipo Belerofonte” pensa apenas no que vai transmitir, e não em como ou para quem. Praças diferentes exigem estratagemas distintos.


Do outro lado, existe o caminho da Quimera. Posso trabalhar tanto a minha mensagem propriamente dita, sem pensar na minha habilidade com a linguagem ou o veículo que a transmitirá. Sem pensar na recepção dos outros para a minha mensagem. Embelezar o que se transmite é um erro comum. É pecar pela beleza lingüística em prol da fragmentação do entendimento da mensagem. É “falar, falar, falar”, sem nada dizer. Aqui a mensagem metamorfoseia-se em um monstro. O que é falado tenta devorar quem ouvi. O interlocutor lança Quimeras para um ou mais receptores.


Se me acompanharam no passeio imaginativo, chegaram ao fim dele com dois fenótipos: Belerofonte (arrogância individual) e Quimera (exagero da estética lingüística). O bom interlocutor deve trabalhar sobre sua mensagem levando em consideração todos os fatores supracitados: mensagem, veículo, receptor e a si mesmo. A mensagem deve ser elaborada tendo-se em vista a própria cultura e as formas de expressão que serão utilizadas, sempre recordando-se de a quem será transmitida. O veículo deve ser trabalhado em todo o seu potencial, pois diferentes veículos abrem possibilidades distintas para o que será comunicado. O receptor é o alvo da mensagem, então devo partir dele ao elaborar a mesma, e definir os artifícios que farei uso. Ele é o foco! Devo trabalhar sobre toda esta base se desejo obter êxito neste empreendimento.


A viagem mitológica de hoje finda aqui. Não vamos voar demais, pois heróis como Belerofonte também caem dos seus Pégasus. Afastemos os monstros. Não precisamos de Quimeras vagando soltas ao nosso redor, devastando tudo. Termino com uma citação de um escritor que aprecio muito.


“Aquele que luta com monstros deve cuidar-se para que não venha a tornar-se também um monstro. Se você olhar por muito tempo para dentro de um abismo, o abismo também olha para dentro de você”.

(Friedrich Nietzsche)


Adriano José Gonçalves

5 Response to Uma viagem mitológica

Anônimo
8 de junho de 2008 às 19:44

Maravilhosa! Perfeito eu amei essa sua postagem Adriano de fato precisamos observar nossa comunicação, cuidar para que a beleza das palavras não atrapalhe no conteudo a ser passado, adorei a citação precisamos realmente cuidarmos para nao tornarmos um mostro como aqueles que estam ai fora e que agora criticamos, adoro o fato de você filosofar para passar de forma gostosa seu conteudo.
abraços!!!

Anônimo
8 de junho de 2008 às 22:15

Fala filósofo!
Que viagem! Realmente viajei com o poste e fiquei bastante interessado e surpreso com todo o desencadear de seu relatos. Precisamos dar ênfase a comunicação com sabedoria e com um grande grau de observação para que saibamos definir situações distintas no decorrer de nossa carreira.
Ainda vou comprar um livro seu!hehehe!

10 de junho de 2008 às 16:13

Adriano,
você está de parabéns. O seu talento para escrita e seu olhar peculiar são diferenciais!

Att,
Profª Flávia Pellegrini

Anônimo
13 de junho de 2008 às 12:17

Adrix!
Esse menino é mesmo demais!
Confesso que essa viagem mitológica me deixou curiosa para saber o que aconteceu com Belerofonte!
A comunicação se relaciona muito com essa história e se revela como uma batalha nada fácil. Mas com grandes possibilidades de vitória!
Parabéns mais uma vez!
Grande abraço!

Anônimo
25 de junho de 2008 às 15:59

Nussa...isso que é um redator
A intertextualidade feita foi incrivelmente incrivel
seu conhecimento é de se admirar
parabens
falou!!!

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