quarta-feira, 18 de junho de 2008 Tags: 6 comentários

No Labirinto do Minotauro

Saudações! Convido-vos a abrir os olhos da imaginação, e embarcar comigo em uma nova viagem mitológica. Adentremos ao mundo dos mitos e lendas da Grécia Antiga, berço do pensamento mítico ocidental. Hoje vamos caminhar pelo labirinto do Minotauro. Vamos acompanhar Teseu nesta aventura, para depois lançar o “olhar publicitário” sobre a questão. Veremos novamente a riqueza analógica dos mitos.

Teseu foi um dos grandes heróis gregos. Mas vamos aos outros personagens do mito. Você sabe o que é um Minotauro? Vou explicar o que é, e porque é. Vamos para Creta. Lá vivia o rei Minos. Ele recebeu de Poseidon (em resposta a uma promessa) um magnífico touro sacrificial. Porém era um animal tão fabuloso que Minos decidiu guardá-lo para si. Como castigo, Afrodite (Deusa do amor e filha de Poseidon), fez com que sua rainha, Pasífae, sentisse pelo touro uma paixão monstruosa. Ela consumou esta paixão dentro de uma vaca oca construída para ela por Dédalo (o artesão-chefe). O fruto da união deles foi o Minotauro, um ser de corpo de homem e cabeça de touro, que se alimentava de carne humana. Inundado de vergonha, Minos fez com que Dédalo construísse um labirinto impenetrável. No centro do labirinto ele escondeu o Minotauro, fornecendo-lhe um suprimento de carne humana.


Atenas enviava regularmente sete rapazes e sete moças para serem devorados pelo Minotauro. Um dia, Teseu foi ao meio deles. Seguiu por escolha própria. Nosso herói era esperto, não iria enfrentar o perigo para simplesmente morrer. Muito pelo contrário, partiu em busca de glória. E preparou-se para isto. Tinha dois desafios: enfrentar o Minotauro (sobrevivendo ao confronto), e conseguir sair de um labirinto que fora criado para que ninguém conseguisse escapar. Por isso, Teseu levou consigo um novelo de linha para poder voltar sobre os seus passos e sair do Labirinto, e uma espada para matar o Minotauro.


Deixamos o mito por aqui. Vamos ao que realmente interessa. Comecemos pelo monstro: Minotauro. A palavra surge da união de outras duas (“Minos” e “touro”). Todavia, podemos dar um passo além e buscar outro radical de dentro desta palavra. Minotauro... Minos touro... Minos... Mino... Mina... Minar... Feita a derivação genética, vamos ao raciocínio. O labirinto é um símbolo para o efeito da utilização dos veículos de comunicação. Fato: a responsabilidade da comunicação é do comunicador! É quem emite a mensagem que escolhe o meio de propagação. E esta mensagem adquire significado mediante sua organização e veiculação nos diversos meios. O significado da comunicação é a resposta que ela gera! É interessante visualizar este caminho de quem emite até que recebe. As pessoas que recebem a mensagem precisam entendê-la. A responsabilidade de se expressar e fazer-se entendido é de quem emite a mensagem. Existe este “colóquio essencial” que subjaz a todo processo real de comunicação. Colóquio que não pode converter-se num solilóquio. Não podemos desmembrar o fluxo fundamental da comunicação.


O importante é não perder-se dentro do labirinto. Somente quem não encontra o caminho de volta das sendas da linguagem é que se depara com o Minotauro (minando a eficiência do ato comunicativo). Repito: a responsabilidade de fazer-se entendido é de quem inicia o processo de comunicação, emitindo uma mensagem. Não são os outros que têm o dever de me compreender, mas sim eu que tenho a responsabilidade de me permitir ser entendido.


O público alvo deve assimilar exatamente o que uma campanha quer transmitir. As formas de expressão empregadas devem ser acessíveis, pois se o que foi emitido não for devidamente compreendido a resposta recebida não será a desejada. O retorno sempre estará em acordo com a forma da mensagem enviada e sua subseqüente assimilação. Terceira Lei de Newton: Causa e Efeito. O que é enviado ao consumidor retorna em igual intensidade e sentido, porém com direção contrária. Envie descaso e receberá descaso. Expeça respeito e auferirá igualmente respeito. Este é um dos fatores que permite hoje se falar tanto em Marketing de Relacionamento. Se há uma causalidade imanente e latente ao mecanismo de compra e venda, é bom saber como customizar isto para otimizar resultados. O estabelecimento de uma relação é inevitável.


Em suma, falando a língua do consumidor nos aproximamos dele, e este é o caminho. Longe de labirintos impenetráveis e de monstros abomináveis. Permanece o exemplo de Teseu. Ciente do seu caminho e prudente o suficiente para saber como voltar atrás, no entanto, audacioso o suficiente para lançar-se rumo aos riscos. No cotidiano profissional, surgem Minotauros o tempo todo. O diferencial é se você enfrenta-os ou não...


Vale à pena meditar...


Fim da viagem. Obrigado pela companhia. E um grande abraço!


“VENCER SEM PERIGO É TRIUNFAR SEM GLÓRIA. QUANTO MAIS DIFÍCIL FOR A OBRA, MAIS BELO É O DESEMPENHÁ-LA.”

Antônio Frederico Ozanam


Adriano José Gonçalves

6 Response to No Labirinto do Minotauro

Anônimo
20 de junho de 2008 às 16:56

Adrix,
Me encanto cada vez mais com os meios que você tem utilizado para demonstrar a comunicação!
Seu "olhar publicitário" parece a se tornar ainda mais apurado e é bom saber que compartilha disso conosco!
Me chamou a atenção esta frase: "Não são os outros que têm o dever de me compreender, mas sim eu que tenho a responsabilidade de me permitir ser entendido." e é com ela que me despeço!
Parabéns!

Anônimo
24 de junho de 2008 às 15:11

Caramba viu....as mitologias e suas ideias de relaçao com a comunicação são coisas de um redator nato mesmo!!!
Cara sua postagem foi magnifica muito boa mesmo
continue assim
Astalavista!!!

Anônimo
24 de junho de 2008 às 19:28

Fala serio!!! Espero que você continue me surpreendendo, parece repetitivo mas com as palavras você consegue ir muito longe, barbaridade muuuito bom, obrigado por todos os seus postes que nos instrui cada vez mais.
Tchau!

Anônimo
29 de junho de 2008 às 22:28

Filósofo...
Você não me surpreende mais. Você é bom mesmo cara. a cada post, uma aula. Como disse a Márcia, fala sério. Agora todos falam que você é um redator nato, mas lembra-se que eu falei primeiro e olha que tínhamos o blog. Bom demais cara.
Até a próxima viagem.

Anônimo
29 de junho de 2008 às 22:29

Ah!!
Adorei a frase, uma lição de vida.

1 de setembro de 2010 às 14:20

Oi Adriano!
Parabéns mesmo pelo belo post!
Vc devia escrever um livro!
Bjos!
=)

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