sábado, 24 de maio de 2008 Tags: 6 comentários

Bem-vindo à Matrix!

Platão, o Mito da Caverna e a Comunicação.

“Imagina homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, com uma entrada aberta à luz; esses homens estão aí desde a infância, de pernas e pescoço acorrentados, de modo que não podem mexer-se nem ver senão o que está diante deles, pois as correntes os impedem de voltar à cabeça”.

Assim começam algumas das páginas mais brilhantes da antiguidade. São palavras de Platão, talvez o maior filósofo que o mundo um dia conheceu. Este trecho pertence ao livro “A República”, escrito quatro séculos antes de Cristo. É o começo da famosa Alegoria da Caverna.

Mas que relação existe entre Platão e a Comunicação? É o que vamos olhar de mais perto...

O Mito da Caverna apresenta homens acorrentados desde a infância. Estão dispostos de tal modo que conseguem enxergar apenas a sua frente. Tudo o que conhecem é o interior obscuro da caverna, e as projeções do que existe fora da caverna, que lhe chegam das costas, através de sombras. Porém, os seres se adaptam ao meio. Estes homens então se adaptam a esta situação. Acreditam que a realidade são as sombras e a escuridão da caverna.

No entanto, um dia, um destes prisioneiros liberta-se. Levanta-se, e olha para trás. Encontra luz e segue-a. Sai da caverna. Encontra uma série de coisas que nunca pensava existir. Fica deslumbrado olhando para os objetos reais, e não para suas sombras. Compreende? Se você não compreendeu adequadamente a teoria de Platão, basta recordar-se do filme Matrix, pois a sua temática é totalmente platônica (um mundo aparentemente real, mas que não passa de uma sombra, uma ilusão da realidade; é um jogo de aparência e essência; o que realmente existe?).

Platão segue adiante em sua Alegoria, porém, nós paramos por aqui. Entre a luz e as sombras. Entre a realidade e o seu reflexo. Os veículos de comunicação trouxeram a Alegoria da Caverna para a Publicidade. A mídia está constantemente nos apresentando sombras e luz, e nem nos damos conta (ou pelo menos não imediatamente). Se você ainda não se deu conta do que eu estou falando, vou dar dois exemplos: Second Life e Big Brother.

Um dia você cria um avatar no Secod Life. No outro está vivendo uma vida virtual. Procurando outras pessoas que compartilham desta idéia. E você faz suas atividades rotineiras no mundo virtual. Namora, vai ao restaurante, banco, festas. Faz de tudo, sem fazer nada. É realmente uma segunda vida? Onde e quando você vive? Aliás, você vive no Second Life?

Com o Big Brother é diferente. Você não participa de nenhuma simulação da realidade como no Second Life. Ou antes, você participa de uma simulação indiretamente, e simulação esta que sequer é sua. Você fica sentado olhando para as “sombras dos outros”, e acha isto incrível. Você vê pessoas atuando nas coisas mais banais, que você faz espontaneamente, e acha tão legal.

Defendo que surgiram formas alternativas de existência, em que abdicamos de nossas vidas. Ora falseamos a realidade de forma espontânea. Ora outros fazem isto por nós, e tão-somente aquiescemos. Onde fica a realidade nesta história? Não estou defendendo que ninguém tenha um avatar no Second Life ou assista Big Brother. Apenas recordo que isto não é vida real. Por mais realistas que sejam os reality shows e os simuladores de vida e as novelas e filmes e desenhos, ainda assim são simulações. Imitam a realidade. Não passam de sombras. A melhor novela global ou o mais fantástico filme hollywoodiano nunca atingirão o nível de concretude de nossas vidas (e nem se aproximaram em momento algum disto). Enxergar vida propriamente dita nestes meios citados é desconectar sua mente do mundo físico, embarcando numa “Matrix” construída pela sua imaginação (e então, qual pílula você tomou? Hehehe...). Interatividade existe. Realidade não!

Então é isto. As sombras da caverna estão ao nosso redor. Consegue perceber? Só entende as penumbras da caverna quem algum dia enxergou realmente a luz do dia...

Adriano José Gonçalves

6 Response to Bem-vindo à Matrix!

26 de maio de 2008 às 10:23

Pessoal,
gostaria de parabenizá-los, os posts estão muito bem escritos e criativos. Vcs foram um dos grupos que priorizaram discutir os temas do Publimix a apenas criticar o evento, parabéns pela postura!
Felype,
estou sentindo falta dos seus comentários.
Luciene e Márcia,
faltam os posts da última semana!
Att,
Profª Flávia Pellegrini

Anônimo
26 de maio de 2008 às 16:25

Bom Adriano surpreendendo a gente cada vez mais com o seu conhecimento e fazendo uma intertextualidade ótima com relação a comunicação e a história.....mostra mais uma vez que a parte teorica é de total importância para a prática do amrketing ser bem sucedida.
Agradeço como sempre por ter me deixado mais apropriado para o meio de comunicação!!!!

Anônimo
30 de maio de 2008 às 21:05

Fala filosófo!
Ainda vou ler um livro seu. A comunicação e a história estão completamentes interligados e saber tirar proveito desses fatos com certeza será um diferencial numa carreira promissora na publicidade. Obrigado por nos proporcionar texto para uma reflexão abrangente e sábia.
Valeu meu caro!
Um abraço!

Anônimo
30 de maio de 2008 às 23:21

Adrix, o filósofo! Concordo com você viu Edson! E também faço meus os elogios da Flávia!
A comunicação já se revela muito antes do que imaginamos heim?
Deixo também aqui o meu pedido: Continue assim Adrix! Nos prestigiando com conteúdos diversificados e tão ricos!
Grande abraço!

Anônimo
31 de maio de 2008 às 17:37

Sua postagem despensa comentarios, muito legal essa relação que voce fez, de uma forma bem criativa voce faz com que a sua postagem fique bem interesante e clara para todos nos, valeu ate a proxima

31 de maio de 2008 às 17:39

Oi Adriano!
Valeu pelo comentário que você deixou lá no blog.
Você também merece ser parabenizado pela qualidade das suas postagens e do blog em geral.
Parabéns!
Ana Carolina

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